Dafna Naphtali and Hans Tammen – Mechanique(s) Fenestrae
Dafna Naphtali and Hans Tammen – Mechanique(s) Fenestrae
Podem ouvir aqui..
Edição | 2019
Editora | Nachtstück Records
Fenestrae leva-me rapidamente para um cenário profundamente dark. Mas é a subjetividade de interpretações que faz deste disco um dos meus discos de eleição para 2019.
Os vocalizes levam-me até um submundo intimista e avassalador.
E quando o ouves na tua sala e isso faz com que a tua filha de ano e meio deseje muito pintar é sinal que algo neste disco despertou nela a vontade de fazer o que vê a mãe fazer. O resultado é muito melhor que o meu (imagem no fim do texto). É o mais genuíno e puro que se pode ter. Este disco fala com os meus sentidos, e falou com os dela, e desde o primeiro minuto que o ouvi que quis escrever sobre ele.
A segunda faixa leva-me por breves momentos até à espiritualidade mas rapidamente me perco em corredores labirínticos numa cave claustrofóbica onde se perpetuam jogos de poder e submissão.
Os cenários são tantos e tão variados que se impõe respirar entre faixas para que se possa voltar a acalmar a mente.
Rico e apurado. Sujo e imoral. Podia continuar a descrever o que ouço assim. De duas em duas palavras.
As sensações misturam-se tão rápido como as tintas na tela e no pincel que a minha filha tem nas mãos. Não há um único momento que nos faça parar a mente. É um jogo. Um jogo em que somos os peões dos nossos sentidos.
E se durante quase uma hora é fácil entrar em modo de hipnose, o difícil é não querer voltar a ouvir o disco de uma ponta à outra.
Foi gravado em 2009, em Nova Iorque, e lançado em fevereiro deste ano e valeram os dez anos de espera. Cada ano, cada mês e cada dia!
É um turbilhão que nos põe os neurónios meio baralhados e que momento após momento nos envolve de forma cada vez mais profunda no mundo de Dafna Naphtali e Hans Tammen.
E é na faixa três que o pincel corre mais rápido nas mãos da minha filha e que a mistura de cores se torna caótica.
Mas é na agitação dos quase nove minutos da faixa seis que o clímax do disco acontece. A Dafna Naphtali torna-se com este disco um membro sonoro da família.
São nove faixas, quase uma hora, de um disco… Brutal!
E sim… Os gostos discutem-se!
Créditos
Dafna Naphtali – live sound processing & voice
Hans Tammen – endangered guitar

Outras publicações
Afonso Cruz Amor Estragado Ana Bárbara Pedrosa Antena 2 Bertrand Editora Clean Feed Covidarte Dark Owl Edições Editora Cambucá Escritora Feira do Livro Flow Gonçalo Almeida Grupo Narrativa Hernâni Faustino Hexum Ikizukuri Jorge Nuno José Lencastre João Sousa Junichirō Tanizaki Kramp Liner Notes Literatura Live in Lisbon Margarida Azevedo Maria José Ferrada MiMi Records Nuno Morão Out.Fest Palavra do Senhor Phonogram Unit Questão Pentagonal Rafael Toral Relógio D'Água Ricardo Jacinto Rodrigo Pinheiro Romance Rosane Nunes Rui Zink Solos Contados Space Quartet Sphere² Susana Santos Silva The Selva
Cor do Som
Pinturas enquanto ouvia o disco
