Nuno Mangas-Viegas | A Noite de Ferros Feita e Súbito Silente
Decidi que seria com o trabalho do Nuno Mangas-Viegas que iria iniciar o “Livros aos meus pés”. Neste primeiro texto irei dar-vos a conhecer dois livros que devorei em pouco tempo.
Que o Nuno me aguça a vontade de entrar no mundo dele, já é do conhecimento público. Cruzei-me com ele em 2020 no mundo digital. Ainda eu não sabia que ele era grande amigo de um amigo meu e já lhe seguia as pisadas. Engraçado dizer “de um amigo meu” quando na verdade esse amigo meu também se tornou amigo pelo mundo digital e só mais tarde presencialmente (culpa do Covidarte e por sua vez da pandemia). Mas vamos lá ao que interessa.
O Nuno esteve sempre à distância de um clique. Comecei por estar atenta ao seu trabalho com fotografia e comentei aqui em casa que achava ser um excelente convidado para uma exposição no Covidarte. E assim foi.
Quis a nossa empatia e as pessoas que nos rodeiam (avé João Sousa) que os nosso caminhos se voltassem a cruzar. Juntos no disco “Árvore” do João Sousa em que dou letra e voz ao “Fruto” e o Nuno é autor das fotos e da conceptualização do disco.
Voltemos ao motivo deste texto: os livros do Nuno Mangas-Viegas.
Os dois livros são edição de autor e quem me conhece sabe o quanto admiro, respeito e apoio quem faz as suas próprias edições. Escreveu-me o Nuno que a ideia base do seu último livro — Súbito Silente — surgiu da exposição no Covidarte. Após a leitura do livro, a sensação que tenho é a de dever cumprido, mas já lá vamos. Antes de passar ao Súbito Silente tenho de vos falar sobre A Noite de Ferros Feita.
Recebi este primeiro livro do Nuno, em 2020, como forma de me mostrar a sua empatia e agradecimento. Enviei-lhe um zine Mecónio e retribuí o carinho.
E em pouco tempo recebi fotografias do zine na praia, com a imagem de marca do Mangas-Viegas — as tenazes (aconselho-vos a seguirem a página o_paraquedas_de_icaro para perceberem do que falo).
Li A Noite de Ferros Feita de uma assentada. A poesia do Nuno agarra-nos, faz-nos pensar, querer ler mais.
“Não recordo se os ossos ou os frios lábios,
se os postigos e a louca sedução dos candeeiros
sobre o álcool das noites a sul,
ou mesmo se a chuva sobre os pianos da estação,
mas algo me escreveu no corpo
que a ordem é peregrina do caos.”
Entrei no Súbito Silente, em 2021, com as expectativas elevadas. E não me desiludi. É envolvente, carnal, real.
Se gostava do primeiro livro, adoro o segundo. Mais intenso, com frases que geram imagens fortes. Identifico-me com as palavras, com a cadência, com os sons.
“Perfumada de canela
chegavas fria aos pomares da manhã.
O teu corpo dançava a música
da chuva e dos caminhos.”
Para quem não conhece os livros do Nuno, e ao reler este texto, sinto que o que escrevo não lhe faz jus. Fica tanto por dizer. Mas nada mehor, para conhecerem o seu trabalho, que encomendarem os vossos exemplares por mensagem nas redes sociais do Nuno Mangas Viegas.
Fico sempre a pensar no dia em que uma editora irá deitar a mão ao Nuno, aos seus poemas e às suas fotografias. Já era altura. Eu já o tenho garantido no próximo zine Mecónio (sim, já devia estar impresso e a circular, mas a vida tem destes atrasos).
Fica a dica.

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