Margarida Azevedo

Patifes | 28 de junho de 2021

Pouco vos posso escrever sobre este concerto de ontem. Com excelentes músicos e uma atriz excecional só podiam surgir os Patifes!

Presença, cumplicidade, cuidado e ensaios — são estas as palavras-chave deste grupo de pessoas. Matei saudades de uns, vi outros pela primeira vez.

Estava muito curiosa com o resultado. Quem me conhece sabe que a música e as palavras são pontos essenciais no meu trabalho.

Entro a medo. Medo de me desiludir.
Spoken Word?
Irá a Teresa Sobral cantar?
Ai, porra. O que devo pensar dos Patifes?
Tem Lopes, tem guitarra acentuada. Tem Hernâni, tem groove. E o que esperar de quem não conheço de forma tão próxima?

Entro, a medo.

A máscara que me embacia os óculos não me deixa tomar a devida atenção aos pormenores do que se passa.
A roupa distrai-me. Esse é o único ponto que não puxa por mim.
A voz e a presença da Teresa deliciam-me. Mulher de garra. Atriz.

É isso! Os Patifes são o melhor da música com o melhor do teatro. Dizer textos, interpretá-los, rir do que nos dizem, refletir sobre eles. Os textos. Essas palavras escritas pelo Gonçalo M. Tavares que a Teresa diz e sente.

Volto aos músicos. Eu venho do rock. Delicio-me com o baixo elétrico naquela que é para mim “A” malha do fim de tarde. Sorrio com a presença incontornável do Lopes. Delicio-me com o Miguel na bateria e deixo-me levar pela guitarra do Miguel Fevereiro.

Ai, porra. Os Patifes vieram para ficar.
Sala esgotada. Amigos que se voltam a cruzar.

Adicionaria à ficha técnica a entrega do Lopes ao violino. É só isto que tenho a acrescentar. Isto e a inveja que tenho dos ténis da Teresa Sobral!