Albatre | The Fall of the Damned
Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Clean Feed/Shhpuma
Albatre é desde o disco Nagual uma das agradáveis surpresas na minha estante. Bem, dizer “na minha estante” não é bom sinal porque queremos que seja uma agradável surpresa no meu leitor. Por isso retifico! Albatre é uma agradável surpresa no meu leitor.
Quando os vi ao vivo na SMUP, a 3 de julho de 2015, fiquei de ouvido cheio e corpo ritmado.
Este disco The Fall of the Damned é, mais uma vez, um reflexo daquilo que o meu ouvido gosta. Diálogo longo e composto, andamentos variados, groove e linhas de baixo e bateria bem “rockeiras”. O que me fez olhar para o disco dos Albatre da primeira vez? A capa! Para mim das capas mais bem conseguidas da Clean Feed/Shhpuma (uma total questão de gostos. E sim os gostos discutem-se!). Desta vez o que me fez querer ouvir este disco? O facto de já conhecer Albatre e querer ouvir o que ia acontecer outra vez na minha sala quando carregasse no play. Sabia de antemão que dois portugueses e um alemão iriam invadir o meu espaço com dois dos instrumentos que mais gosto: baixo e bateria e um que tenho vindo a aprender a gostar – o saxofone. E, claro, aconteceram uma panóplia de coisas desde os primeiros segundos.
Primeiro o pé começou involuntariamente a bater ao som do tema que intitula o disco. Em Goya já tinha entranhado o saxofone do Hugo Costa e em Dance of a Dead Paradise as electrónicas tornaram tudo incrivelmente dançável. Passei do pé a bater para a anca a mexer e uma vontade indescritível de os ver ao vivo. A repetição de patterns rítmicos é hipnotizante e foi nesse preciso momento que prestei mais atenção aos nomes dos temas e do disco. Mas antes de passar a esse ponto os temas vão tocando e na sala já não sou a única atenta ao que pus a tocar. Em Ship of Fools a leve esquizofrenia do saxofone, a bateria compulsiva e o grito eletrónico enchem-nos as medidas. São dez minutos intensos a que se seguem mais dez hipnóticos minutos com Peasent Dance.E quando chego ao último tema – Horned Animal – encontrei o metal a espreitar. E porque não? Faz, sem dúvida, sentido fechar o álbum assim.
Como tinha referido a arte está neste disco desde a música ao nome dos temas.
1. The Fall of the Damned – Pintura de Peter Paul Rubens e é essa mesma imagem a capa do disco.
2. Goya – Francisco de Goya foi um pintor que na sua obra representou a moral, o estranho e o bizarro da vida humana. Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas “pinturas negras”.
3. Dance of the Dead Paradise – The Dance of Death é um quadro de caráter religioso de Hans Holbien the Younger.
4. Asmodea – Uma das pinturas negras de Goya.
5. Ship of Fools – Pintura de Hieronymus Bosch.
6. Peasant Dance – Pintura de Pieter Bruegel the Elder.
7. Horned Animal (Remix by Torture Corpse) – Sem certezas remeto-vos para o bode que pode assumir diversas representações e significados. Neste contexto assumiria o bode enquanto demónio.
Da capa aos temas – a arte, a religião e o macabro andam de mãos dadas com os ambientes sonoros de jazz, rock e metal. Uma relação de amor à primeira escuta.
Créditos
Hugo Costa alto sax. & effects
Gonçalo Almeida bass, keyboards & electronics
Philipp Ernsting drums & electronics
All tracks by ALBATRE
Recorded and mixed by Albatre at Soundport, Rotterdam | Master by Bernardo Fesch at Gizmeister Studios, Lisbon Produced by Albatre | Executive production Travassos for Trem Azul | Design by Travassos | Paintings by Rubens

Outras publicações
Afonso Cruz Amor Estragado Ana Bárbara Pedrosa Antena 2 Bertrand Editora Clean Feed Covidarte Dark Owl Edições Editora Cambucá Escritora Feira do Livro Flow Gonçalo Almeida Grupo Narrativa Hernâni Faustino Hexum Ikizukuri Jorge Nuno José Lencastre João Sousa Junichirō Tanizaki Kramp Liner Notes Literatura Live in Lisbon Margarida Azevedo Maria José Ferrada MiMi Records Nuno Morão Out.Fest Palavra do Senhor Phonogram Unit Questão Pentagonal Rafael Toral Relógio D'Água Ricardo Jacinto Rodrigo Pinheiro Romance Rosane Nunes Rui Zink Solos Contados Space Quartet Sphere² Susana Santos Silva The Selva