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Uivo Zebra | Uivo Zebra

Uivo Zebra | Uivo Zebra

Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Bocian

O primeiro deste ano a entrar no blog e fica aqui a confissão: existem poucas coisas de que me arrependo na vida mas ter falhado o concerto de Uivo Zebra na SMUP é uma delas!

Comecei a ouvir e a primeira coisa que senti foi “este power trio está muito controladinho”. E claro que estava! Era apenas a Sussurro murmurio para começar.

Se os Acid Mothers Temple arrasaram sempre que os vi ao vivo, consigo imaginar os Uivo Zebra a agarrarem uma sala da mesma forma. A essência está lá toda. Que mais se podia esperar de uma guitarra, um baixo e bateria?

Para mim é o trio perfeito de instrumentos!

Sussurro murmurio é a entrada num quarto cheio de sensações à espera de serem despertas. É o início da dança entre o baixo e a guitarra, onde a bateria do João Sousa completa, e tão bem, o trio.

Da capa – da autoria do Hêrnani (que além de ser um excelente baixista e contrabaixista, tira fotos altamente) – à sonoridade, o disco tem tudo o que é preciso para se ficar de “papo cheio”.

Cãibra tumulto só me fez crescer o arrependimento de ter falhado o concerto. “Isto ao vivo deve ser tão bom” – pensamento recorrente nos minutos que passaram desde que carreguei no play.

A guitarra do Jorge Nuno enche o ambiente desta segunda faixa e vem à tona a cena mais rockeira.

Aos quatro minutos já estou no momento em que tudo é desconcertante e o ouvido está completamente estimulado.

O baixo do Hernâni marca a minha respiração cada vez mais ritmada em Abismo uivo até estar completamente abstraída de tudo o que me rodeia.

Assumo que há discos que oiço e que a meio já estou a escrever a lista de compras para ir ao supermercado e desisti de ouvir. Este, definitivamente, não é um deles!

Não que exista algum problema em pensar em bens alimentares enquanto se ouve um disco mas se a atenção dispersou então é porque não me agarrou.

Este faz-nos parar tudo e ouvi-lo com atenção. Não o ponhas a tocar só porque sim, combinado?

Irão perceber onde quero chegar em Urro estridulo. É ir direto à faixa quatro! São doze minutos e dezanove segundos bons mas bons.

Este trio tem tudo o que se quer ouvir: entendimento, bons músicos, um diálogo interessante e momentos que aguçam sensações.

A não perder o próximo concerto ao vivo!

Quem ainda não ouviu não tem nada que enganar. É ir ouvir.

Fechar com Abalo sismico é fechar o disco com a intensidade certa.

Um disco da Bocian altamente recomendável!

Créditos

Jorge Nuno: electric guitar
Hernâni Faustino: electric bass
João Sousa: drums

recorded and mixed by Eduardo Vinhas at Golden Pony Studios in Lisbon, March 2017

Mastered by James Plotkin
Cover photo by Hernâni Faustino
Band photos by Nuno Martins

Designed by Joanna John

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Hamar Trio | Yesterday is Here

Hamar Trio | Yesterday is Here

Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Clean Feed

Não escrever não quer dizer que não ande a ouvir nada de novo. Sim ando, mas nenhum albúm me puxou para que a escrita decidisse fluir.

Decidi focar-me nesta última “fornada” da Clean Feed e não há como fugir ao Hamar Trio. O Hernâni toca por lá e sendo um dos baixistas/contrabaixistas cujo trabalho gosto de acompanhar foi exatamente por este que decidi começar.

O registo do Klaus com os Ballrogg (Abaft the Beam – Clean Feed 2017) só me aguçou ainda mais a curiosidade de perceber o que o Hamar Trio nos ia apresentar em Yesterday is Here. E porque os olhos também comem…

Esta capa é uma das que mais gosto da editora. Lembra-me uma possível versão do livro “Três Homens num barco” de Jerome K. Jerome.

Os que já leram sabem ao que me refiro com “Eramos quatro…”. Aos que não leram coloquem este livro nos vossos livros a ler nas próximas férias. Tem um humor genial e é daqueles livros que, infelizmente, passam despercebidos nas livrarias.

Voltando ao disco…

O que acontece quando Klaus Holm, Hernâni Faustino e Nuno Mourão se juntam? Um disco bom mas bom! Claro!

Temas longos, respirações profundas e apontamentos subtis. São os ingredientes perfeitos para o que estes três músicos se propõem a criar. Entramos devagarinho neste disco com Yellow Plum. Soa como a primeira experiência entre os três. O momento em que se estão a conhecer e a confiança para grandes conversas está prestes a surgir. É quase como qualquer um de nós num primeiro encontro. Começamos por falar pouco, o essencial, até que a conversa flua sem ansiedades nem hesitações. E é aqui que se ouve ou se desiste de ouvir.

Tal como este encontro entre os três correu bem, eu com este disco não usei a desculpa do “vou só ali ao WC retocar a maquilhagem”. O meu primeiro encontro com este disco está a ser sedutor.

Quando ganhas confiança já estás em Sjøorm. O Klaus é o ponto chave de todo o tema mas não tens como fugir da bateria do Nuno Morão. Ele agarra-te, brinca com os teus ouvidos e puxa por ti numa conversa bem estimulante cheia de pequenos requintes em que o contrabaixo preenche o espaço com uma subtileza genial.

O sol está quase a pôr-se e
a sua respiração está ofegante.
Os seus pés nus tocam
a neve à porta de casa
com vista para o lago.

Este podia ser o início do conto que os Hamar Trio me fazem ter vontade de escrever! Vontade de colocar em palavras os ambientes sonoros. Um disco perfeito para ser uma tremenda banda sonora.

E rapidamente entras nos treze minutos e trinta e dois segundos de Sour apple. A música que dispensa comentários e que pode ser ilustrada assim:

Pé ante pé numa floresta ao anoitecer a
sombra de um corpo esbelto e esguio
percorre a um ritmo frenético os caminhos
trilhados no meio dos arbustos curvados pelo vento.
Deitou-se e deixou-se adormecer entre a luz da lua e
o suor que lhe escorria pelo peito.

São neste momento duas da tarde e oiço Yesterday is Here. É o desfecho merecido para um disco pleno e que me enche as medidas. A música respira e deixa-nos tantas vezes em suspenso até à próxima nota. Segundo a segundo a respiração do Klaus prende-nos e o que pode soar a pouco, afinal é enorme e enche-nos de curiosidade na procura de mais um e outro pormenor que nos pode passar despercebido.

Terminaria o meu conto assim:

 Yesterday is Here sussurrou ela entre dentes enquanto despia o seu vestido vermelho e ouvia o arco fazer ranger as cordas do contrabaixo.

Fica a promessa de acompanhar o trabalho de Hamar Trio bem de perto!

Créditos

Klaus Ellerhusen Holm | clarinet alto saxophone
Hernâni Faustino | double bass
Nuno Morão | drums percussion

Recorded November 2016 at Salão Brazil, Coimbra by José Martins at SMUP, Parede by John Klima | Mixed and mastered by Nuno Morão at ScratchBuilt

Produced by Hamar Trio | Executive production by Pedro Costa for Trem Azul | Design by Travassos | Cover photo by Magdalene Norman | Band photo by João Duarte

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Ikizukuri | Hexum

Ikizukuri | Hexum

Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Zona Watusa

Vão ouvir!

Esta review podia ser apenas isto: V-ã-o o-u-v-i-r! J-á!

Um dos meus discos (neste caso cassete) de 2018. Direto para o meu TOP 10.

Quem acompanha o que escrevo aqui no (Diz)sonâncias deve estar, neste momento, a pensar que sou groupie do Gonçalo Almeida. E tu, Gonçalo, deves pensar que tenho todo o potencial de uma stalker.

Pois que de groupie não tenho nada e Gonçalo se me vires em dezembro num concerto dos Ikizukuri não tenhas medo. Sou, sem margem de dúvidas, uma apreciadora dos projetos em que o Gonçalo toca. Até agora, encaixam que nem uma luva, daquelas de cabedal cheias de estilo e qualidade, no que de melhor se faz neste “género”.

Vou deixar, propositadamente, género entre aspas porque aqui a discussão será sempre subjetiva, acesa e não é o caminho que pretendo traçar nesta review.

Ikizukuri apresenta em Hexum, com um elenco de luxo, um registo sonoro rico, intenso, com muito metal e punk/rock à mistura, com momentos de acalmia e repetição e acima de tudo com paisagens sonoras de excelência.

O lado A é composto por onze temas de curta duração (a maioria com menos de dois minutos) mas intensidade é algo que não lhes falta. A duração não é tudo.

Percebem onde quero chegar?

Sim, sou suspeita. Gosto mesmo muito deste disco.

Esta review é o crime perfeito. Sou eu a escrever sobre o que gosto. Do início ao fim. Mas os gostos discutem-se e se alguém pretender discutir este disco comigo só posso alertar que não vai valer a pena.

Vou ser acérrima defensora e pôr-vos a ouvir a Chubbuck em modo repeat até perceberem onde quero chegar. Os últimos oito segundos são um tremendo orgasmo da bateria do Gustavo Costa e do baixo do Gonçalo Almeida. Pode ser curto mas é intenso.

E se não perceberem ouvem o Pavão até à exaustão. As raízes deste projeto beberam do metal e isso é completamente percetível.

Julius Gabriel deixa-me sem fôlego logo nos primeiros segundos de Uhde e aguçou-me a curiosidade de ouvir mais daquilo que faz.

Sim, há fortes probabilidades de haver mosh no Sabotage no próximo mês de dezembro. Se Ikizukuri forem ao vivo o que mostram neste disco os “headbangers” vão ficar à rasca do pescoço!

Há muito que não ouvia um tema como Baah em que tudo começa de um “1,2,3,4” e quando damos por nós estamos de regresso aos bons velhos tempos em que íamos para os concertos de punk/rock abanar o corpinho como se não houvesse amanhã. Não precisas da guitarra elétrica, nem sequer sentes falta dela, porque tens o power total do saxofone.

Hexum, no labo B da cassete, é uma autêntica banda sonora! Mas das boas! São dezoito minutos e quarenta e seis segundos de uma história muito bem contada. É o momento de respirar, baixar os níveis e assimilar o free jazz/ punk rock e o metal que acabaste de ouvir.

Um disco que deve fazer parte da biblioteca sonora de qualquer um de nós.

Os Ikizukuri com o seu Hexum vão devorar-te os ouvidos e deixar-te com uma tremenda vontade de ouvi-los ao vivo.

Curto, intenso e que nos tira o fôlego. Que mais se pode pedir?

Datas em Portugal:

19.12 – Sabotage (Nariz Entupido), Lisbon, PT
20.12 – Oficinas Do Convento, Montemor-o-Novo, PT
21.12 – Smup Parede, PT
22.12 – Grémio Caldense, Caldas da Rainha, PT

Alinhamento

1. Mottle
2. Uhde
3. Beinum
4. Yinon
5. Pavão
6. Barere
7. Baah
8. Chubbuck
9. Okwaraji
10. Keilberth
11. Hexum (lado B)

Créditos

Julius Gabriel – tenor sax. and electronics
Gonçalo Almeida – bass
Gustavo Costa – drums

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Side A
Recorded, mix and master by Gustavo Costa at Sonoscopia, Porto

Side B
Recorded live by Gustavo Costa at Passos Manuel, Porto
Mix and master by Bernardo Fesch at Gizmeister Studios, Lisbon
Illustration by Chris Haslam

Graphic Design by Maarten Neering
Words by Andy Leenen

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José Lencastre Nau Quartet | Eudaimonia

José Lencastre Nau Quartet | Eudaimonia

Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | FMR Records

Não. Nada é aleatório. Nada é por acaso.

Quem tem vindo a acompanhar o que escrevo irá perceber que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”.

Nada é comparável.

Posto isto, se és daquelas pessoas que, como eu, não dispensa um bom disco para ouvir nas viagens de comboio então, não te aconselho este! Mas não pares de ler aqui.

Atenção! É, sem dúvida, um excelente disco! Mas precisas de ter o volume alto e silêncio em redor para que consigas assimilar todos os pormenores.

É para mim um disco de “Inverno”. Daqueles para ouvir no quentinho da sala enquanto bebes um Irish Coffee com a chuva lá fora. Poética a imagem mas foi mesmo assim que este disco me soube bem.

Em “Eu” cumpre-se, e bem, o chavão “less is more”. Deixar soar cada nota, de tal forma, que quando acaba ficamos em suspenso. E assim será ao longo do disco. Um crescendo de intensidade e dinâmica. É o início de uma longa caminhada entre baixo, saxofone, piano e bateria. Para quem acha que este jazz é de malta que não se está a ouvir entre si, tentem. Tentem ouvir com os ouvidos todos!

Os apontamentos subtis do piano do Rodrigo são pequenos requintes para os nossos ouvidos e a bateria do João é uma agradável surpresa nos momentos mais “explosivos”.

Em “I” o José ajuda-me a entrar no tal mundo dos sopros que eu, tantas vezes, tenho dificuldade em digerir. O José entra num diálogo intenso e eu predisponho-me a interpretá-lo. E isso é a essência da Eudaimonia.

Já fui de ouvido mouco e teimosa. Já me recusei a aprender a ouvir, de tal forma que há uns anos na loja Trem Azul comentava com o Ricardo (colaborador da Clean Feed) que “não gosto de pifarinhos. A esquizofrenia dos gritos dos sopros irrita-me!”. Quem me ouvia dizer tal barbaridade e se mostrou disponível para conversar e catucar nesta cabeça casmurra foi o trompetista Sei Miguel. Na altura ouvi mas só alguns meses mais tarde comecei a querer, efetivamente, ouvir mais. Ouvir sem ideias preconcebidas. É sempre, a isto, que me predisponho.

Mas voltando ao que interessa. Entretanto estamos em “Mo” e respiramos. Respiramos o piano do Rodrigo, a bateria do João e o baixo do Hernâni naquela cadência que só ouvindo irás perceber ao que me refiro. Esse baixo, ouço-o. Sempre lá. Presente e marcante.

“Ni” é A malha! São nove minutos de perfeito entendimento. É claro que sou suspeita porque o baixo do Hernâni é, inquestionavelmente, música para os meus ouvidos.

Fecham em “A” um disco bem conseguido, com músicos conhecidos destas andanças e que, neste quarteto, dão o que de melhor têm: técnica, sensibilidade e entrega. Sem dúvida, que esta Eudaimonia alcançou a sua plenitude. É a satisfação que surge do nosso crescimento cognitivo e emocional. O nome certo para este disco!

Alinhamento

1. Eu 
2. Da
3. I 
4. Mo
5. Ni 
6. A 

Créditos

José Lencastre – Alto Sax
Rodrigo Pinheiro – Piano
Hernâni Faustino – Bass
João Lencastre – Drums

You can check us on Youtube:
www.youtube.com/channel/UClOVUmlB7V8CMmicafP6zTw

FMR Records
Recorded by João Pedreira at Timbuktu Studio, 07/04/2018
MIxed by DB, mastered by Ary at Toolate Studio
Artwork by Miguel Cravo

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Albatre | The Fall of the Damned

Albatre | The Fall of the Damned

Podem ouvir aqui.
Edição | 2018
Editora | Clean Feed/Shhpuma

Albatre é desde o disco Nagual uma das agradáveis surpresas na minha estante. Bem, dizer “na minha estante” não é bom sinal porque queremos que seja uma agradável surpresa no meu leitor. Por isso retifico! Albatre é uma agradável surpresa no meu leitor. 

Quando os vi ao vivo na SMUP, a 3 de julho de 2015, fiquei de ouvido cheio e corpo ritmado.

Este disco The Fall of the Damned é, mais uma vez, um reflexo daquilo que o meu ouvido gosta. Diálogo longo e composto, andamentos variados, groove e linhas de baixo e bateria bem “rockeiras”.  O que me fez olhar para o disco dos Albatre da primeira vez? A capa! Para mim das capas mais bem conseguidas da  Clean Feed/Shhpuma  (uma total questão de gostos. E sim os gostos discutem-se!). Desta vez o que me fez querer ouvir este disco? O facto de já conhecer Albatre e querer ouvir o que ia acontecer outra vez na minha sala quando carregasse no play. Sabia de antemão que dois portugueses e um alemão iriam invadir o meu espaço com dois dos instrumentos que mais gosto: baixo e bateria e um que tenho vindo a aprender a gostar – o saxofone. E, claro, aconteceram uma panóplia de coisas desde os primeiros segundos.

Primeiro o pé começou involuntariamente a bater ao som do tema que intitula o disco. Em Goya já tinha entranhado o saxofone do Hugo Costa e em Dance of a Dead Paradise as electrónicas tornaram tudo incrivelmente dançável. Passei do pé a bater para a anca a mexer e uma vontade indescritível de os ver ao vivo. A repetição de patterns rítmicos é hipnotizante e foi nesse preciso momento que prestei mais atenção aos nomes dos temas e do disco. Mas antes de passar a esse ponto os temas vão tocando e na sala já não sou a única atenta ao que pus a tocar. Em Ship of Fools a leve esquizofrenia do saxofone, a bateria compulsiva e o grito eletrónico enchem-nos as medidas. São dez minutos intensos a que se seguem mais dez hipnóticos minutos com Peasent Dance.E quando chego ao último tema – Horned Animal – encontrei o metal a espreitar. E porque não? Faz, sem dúvida, sentido fechar o álbum assim. 

Como tinha referido a arte está neste disco desde a música ao nome dos temas.
1. The Fall of the Damned – Pintura de Peter Paul Rubens e é essa mesma imagem a capa do disco. 
2. Goya – Francisco de Goya foi um pintor que na sua obra representou a moral, o estranho e o bizarro da vida humana. Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas “pinturas negras”.
3. Dance of the Dead Paradise – The Dance of Death é um quadro de caráter religioso de Hans Holbien the Younger.
4. Asmodea – Uma das pinturas negras de Goya.
5. Ship of Fools – Pintura de Hieronymus Bosch.
6. Peasant Dance – Pintura de Pieter Bruegel the Elder.
7. Horned Animal (Remix by Torture Corpse) – Sem certezas remeto-vos para o bode que pode assumir diversas representações e significados. Neste contexto assumiria o bode enquanto demónio.

Da capa aos temas – a arte, a religião e o macabro andam de mãos dadas com os ambientes sonoros de jazz, rock e metal. Uma relação de amor à primeira escuta.

Créditos 

Hugo Costa alto sax. & effects 
Gonçalo Almeida bass, keyboards & electronics 
Philipp Ernsting drums & electronics 

All tracks by ALBATRE 

Recorded and mixed by Albatre at Soundport, Rotterdam | Master by Bernardo Fesch at Gizmeister Studios, Lisbon  Produced by Albatre | Executive production Travassos for Trem Azul | Design by Travassos | Paintings by Rubens

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Schneider/Almeida

Schneider/Almeida

Volume 03
Podem ouvir aqui.
Edição | 2018

Não é a primeira vez que Gonçalo Almeida e Jörg A. Schneider se juntam nestas andanças. O cruzamento entre a bateria de Schneider e o baixo de Almeida deu origem ao álbum ROJI – The Hundred Headed Womenda editora Shhpuma, em 2016, tendo como convidados Susana Santos Silva no trompete e Colin Webster no saxofone barítono.

ROJI – The Hundred Headed Women desenha na minha mente um cenário de uma noite sombria. Os sons levam-me para ambientes de rock e é sem dúvida um disco que encaixa nas minhas medidas!

Mas desta vez os dois músicos unem-se entre bateria e contrabaixo num disco dentro da SCHNEIDER COLLABORATIONS. Schneider/Almeida é o volume 03 de um conjunto de álbuns que aconselho vivamente a ouvir.

Volume 01 | SCHNEIDER / SCHARCO
Volume 02 | SCHNEIDER / COMPLAINER
Volume 04 | SWWS CHRONICLE REVOLUTION ANGELS

Ao longo de oito temas o diálogo entre Schneider e Almeida é evidente, ritmado e cheio de pequenos pormenores que nos fazem ouvir uma e outra vez a mesma malha na procura de mais um detalhe que numa primeira audição nos passou despercebido.

Os convidados são Julius Gabriel no Saxofone Tenor e Colin Webster no Saxofone Alto. E é com Julius Gabriel que se inicia o disco com Blissfull.

É exatamente num dos temas com Julius Gabriel que o meu ritmo cardíaco acelera e o grau de atenção aumenta. Dreamy tem tudo o que eu gosto musicalmente. Diálogo, harmonia, desarmonia, confronto e, acima de tudo, a presença de linhas de contrabaixo que me captam a atenção e me desligam de tudo em redor de mim.

Já em Mischievous, aconteceu o que não esperava. Saltei para o tema seguinte. Não consigo seguir os quatro minutos e trinta e quatro segundo sem ficar demasiado agitada. Existe algo que não me atrai mas não consigo descrever o porquê. Só posso escrever que não se explica, sente-se. Poderá ser do saxofone de Webster (mas a culpa é inteiramente minha e da minha pouca tolerância aos agudos do saxofone alto).

Um disco bem conseguido, coerente, com ambientes sonoros interessantes, e que nos mostra, mais uma vez, que Schneider e Almeida fazem um duo recomendável aos nosso ouvidos.

Nota: Amanhã, dia 23 de outubro, o Julius Gabriel toca com Talea Jacta no espaço Maus Hábitos, no Porto. Mais informações sobre o concerto aqui.

Alinhamento

Blissfull*Bug EyedDreamy*GlowingFurtiveMischievous**GloriousEcstatic**

Créditos

Jörg A. Schneider / Drums
Gonçalo Almeida / Doublebass
*feat. Julius Gabriel / Tenor Sax.
**feat. Colin Webster / Alto Sax.

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Recorded, mixed & mastered by Ralf J. Rock & Jörg A. Schneider / August-September 2017 Loundry Room Hückelhoven

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Design & Artworks by Soheyl Nassary